O comitê de cientistas da ONU que avalia as alterações climáticas, o IPCC, concordou esta quinta-feira, 14, em mudar as suas práticas como reação aos erros apontados no relatório publicado de 2007. O presidente do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri, rejeitou as sugestões para que se demitisse.
Numa reunião realizada ao longo desta semana da Coreia do Sul, o comitê de 130 países concordou em reforçar a monitorização dos factos que entram nos relatórios, elaborados para ajudar à construção de políticas climáticas e energéticas do mundo, e em estabelecer metas para definir reformas ainda mais amplas.
"Mudança e aperfeiçoamento são vitais para o IPCC", disse Pachauri. O painel dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 2007 com o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore.
O Conselho Inter-Academias (IAC), que reúne especialistas de academias nacionais de ciências, pediu, em 30 de agosto, "reformas fundamentais" na forma como o IPCC é gerido, e disse que os líderes do comité deveriam ter um mandato único de seis anos, sem reeleição. Pachauri, que foi reeleito em 2008, disse que o limite valerá, se adoptado, apenas para futuros presidentes. "Tenho toda a intenção de continuar até completar a missão que aceitei", disse ele.
Pachauri acrescentou que a alegação central do relatório de 2007 - de que há pelo menos 90% de certeza de que as actividades humanas, principalmente o uso de combustíveis fósseis, são a principal causa do aquecimento global não foi contestada.
Ele também rejeitou a sugestão do IPCC passar a emitir relatórios a intervalos menores. O próximo, após o de 2007, deve sair em 2014. "O conhecimento avança rapidamente, mas não tão rápido a ponto de permitir a produção de relatórios com maior frequência", argumentou.
O IPCC adoptou novas normas para aperfeiçoar a confirmação dos dados, bem como regras para a correcção de erros e para administrar material que não tenha seguido o protocolo científico de revisão pelos pares.
A "task-force" do IPCC vai passar a analisar questões como a gestão do IPCC, com sede em Genebra e que tem orçamento anual de 5 milhões de dólares. Entre as recomendações do IAC estão a indicação de um secretário executivo e de mais funcionários para cuidar da comunicação. Pachauri disse que o próximo relatório lançará um olhar mais atento para questões como a geoengenharia, que engloba propostas de manipulação deliberada do ambiente para reduzir o aquecimento global, como o uso de espelhos no espaço para refletir a luz do Sol.
Os especialistas procuram novas formas de desacelerar o aquecimento global, depois da cimeira de Copenhaga no ano passado ter fracassadao em obter um acordo internacional com força de lei para cortar as emissões de gases do efeito estufa.