Os 21 elementos da delegação portuguesa que participaram na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, COP16, em Cancún, entre eles dois membros da Quercus, compensaram a poluição carbónica da deslocação através do apoio a projectos sustentáveis.
O cálculo e a compensação das emissões de gases com efeitos de estufa (GEE) da delegação ficaram a cargo do sistema e)mission da empresa TerraSystemics. O estudo contabilizou as emissões das viagens de avião, das viagens em Cancún e do alojamento, cujo valor global atingiu as 96,63 toneladas de CO2 equivalente.
Esta pegada ecológica equivale ao consumo de electricidade de 140 lares portugueses durante um ano; à pegada anual de uma frota de 25 viaturas; ou a um volume de dióxido de carbono equivalente a 19 balões de ar quente.
As 96,63 toneladas de CO2eq foram compensadas através do cancelamento de créditos de carbono de projectos que reduzem as emissões e contribuem para a sustentabilidade em países em vias de desenvolvimento, no âmbito do Protocolo de Quioto. Foram apoiados projectos no Brasil, no Quénia e na África do Sul.
No Brasil, a e)mission apoia três pequenas fábricas de cerâmica que substituíram o combustível tradicional (fuel) pela biomassa renovável. Na África do Sul, o projecto consiste na recolha e compostagem de resíduos verdes recolhidos na Cidade do Cabo. E no Quénia é apoiada a produção e distribuição de fogões domésticos eficientes. Mais informações em www.e-missionneutral.com.
Os líderes deixaram Copenhaga para trás e colocaram as negociações do clima novamente nos eixos. Devolveram alguma confiança e começaram a construir um espírito de colaboração em varias áreas. Os países avançaram alguns passos em direcção a um verdadeiro acordo climático, e há novos países a emergir como lideres.
As decisões tomadas hoje na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas em Cancún no México, terminaram duas semanas de negociações difíceis e complexas envolvendo delegados, ministros e chefes de Estado. A Quercus acolhe parcialmente o resultado algo misto mas esperançoso que neste momento crucial são fundamentais para se atingir um novo acordo internacional sobre o clima.
A vontade política para uma acção vigorosa ainda não é suficientemente forte para uma resposta global adequada para fazer face à ameaça climática, mas as acções nacionais mostram que os países reconhecem a necessidade e os benefícios de uma economia verde, e as conversações no quadro das Nações Unidas requerem essa confiança.
De uma forma geral, os resultados de Cancún são mistos. No lado positivo, um número de progressos específicos incluindo o estabelecimento de um Fundo Climático Verde, um processo para avaliar os diferentes aspectos das perdas e danos causados pelas alterações climáticas e o registo das acções dos países em desenvolvimento assegurando suporte financeiro para a sua implementação. As decisões reconhecem também que as actuais metas de emissões não são suficientemente ambiciosas e que os países têm que estabelecer limites mais restritivos num ambiente de contabilização transparente que permita uma real avaliação do progresso das mesmas.
Continuam também a existir vários aspectos negativos relevantes. A Conferência não avançou na questão crucial da definição do futuro quadro legal climático e não estabeleceu um calendário para tal ser decidido. Algumas falhas importantes no Protocolo de Quioto como o excesso de direitos de emissão atribuídos a alguns países e as emissões da desflorestação, estão ainda por resolver. Não há ainda decisão sobre as fontes adicionais de financiamento ou mesmo um processo para as identificar.
A Quercus ficou muito satisfeita por ver a União Europeia contribuindo positivamente em áreas relevantes tais como a continuação do Protocolo de Quioto. É porém necessário impedir falhas que põe em causa a integridade ambiental de algumas decisões. Muito trabalho é pois ainda necessário. Os países têm de olhar para os novos dados da ciência que apontam para a necessidade da temperatura não aumentar mais que 1,5 ºC em relação à era pré-industrial. A União Europeia, neste sentido, tem de passar urgentemente para uma meta unilateral mais ambiciosa que os 20% actuais de redução entre 1990 e 2020, fixando-a em 30%. Portugal deve activamente defender este compromisso que deve ser tomado antes da próxima Conferência em Durban, na África do Sul, dentro de um ano.
Temos assim um caminho muito muito longo pela frente e um número de aspectos fundamentais que necessitam de mais trabalho. Os países necessitam de fechar o intervalo de gigatoneladas (1 Gt = 1 000 000 000 toneladas), entre os compromissos em cima da mesa e os que a ciência exige; de assegurar que o Fundo Climático Verde é suportado por fontes públicas seguras; de implementar os programas de acção sobre adaptação, reduzindo a desflorestação, e de efectuar as transferências de tecnologia estipuladas em Cancún; e ainda de trabalhar para a segurança do Protocolo de Quioto e de um resultado complementar vinculativo sob a Convenção Quadro.
O progresso obtido aqui em Cancún foi possível apesar de um conjunto de países que dificultaram o consenso e avanços bem mais profundos, como os casos do Japão, Canadá, Rússia e Estados Unidos, em claro contraste com posições de países como a Índia e a China que aceitam traçar metas de emissões para o futuro, mesmo que voluntárias.
Há que aproveitar o ambiente favorável da Cimeira de Cancún no caminho para Durban, que pelo menos permitiu ultrapassar o desaire negocial de Copenhaga no ano passado, num ambiente de maior transparência, confiança e multilateralismo.
Num final dramático, onde a oposição da Bolívia, que afirmou que os textos finais não asseguravam a continuação de um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, não estabeleciam datas nem percentagens de redução de emissões, e se estava a caminhar para um sistema não vinculativo que resultará num aumento de temperatura de 4º C, a Presidente da Conferência considerou os documentos adoptados por consenso, com a oposição formal daquele país.
Cancún, 11 de Dezembro de 2010
A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
No Plenário final do Encontro das Partes (países que fazem parte do Protocolo de Quioto), a Presidente da COP16, Patricia Espinosa começou por ouvir a posição contrária da Bolívia à adopção dos documentos, nomeadamente dos grupos de trabalho ad hoc do Protocolo de Quioto e das acções de cooperação de longo prazo. A Bolívia já tinha precisamente expresso este oposição anteriormente no plenário informal e em cada um dos grupos de trabalho. Os argumentos da Bolívia foram o facto de nos textos finais não estar assegurada a continuação de um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, não estarem estabelecidas datas nem percentagens de redução de emissões, e se caminhar para um sistema não vinculativo que resultará num aumento de temperatura de 4º C.
A Presidente da COP16, acabou por considerar que as decisões tinham sido adoptadas e que se tomaria nota da posição da Bolívia. Disse aliás, sob forte aplauso, que se estava a entrar “numa nova era de cooperação sobre alterações climáticas e estes documentos se chamarão os Acordos de Cancún”. A Bolívia reiterou que o que se passou na Conferência foi um atentado às regras das Nações Unidas sobre a e se trata de um atropelo e vai recorrer a todas as instâncias internacionais por se estar a ultrapassar a regra do consenso, que exige que todos os países estejam de acordo e meramente se tome nota e não se adoptem os documentos em jogo. A Presidente da COP afirmou que consenso não significa unanimidade e que não é aceitável também o direito de veto de uma delegação que possa impor a sua vontade a todas as outras delegações.
A troca de argumentos entre a Presidente da COP e a Bolívia no Plenário do Encontro das Partes voltou a repetir-se na Conferência das Partes (com todos os países da Convenção). Os Estados Unidos interveio afirmando que o argumento principal para a aprovação ou adopção era a forma como na Conferência das Partes se tem tomado habitualmente as decisões. A Bolívia considerou que em várias áreas muitas das suas propostas foram sistematicamente recusadas como a ideia de fazer um seminário sobre propriedade intelectual na área da transferência de tecnologia, e portanto o processo não foi democrático nem aberto como se defende.
A Presidente da COP16 considerou a decisão aprovada sobre inúmeros aplausos. Por último abriu uma reunião conjunta final da Conferência e do Encontro das Partes para ouvir intervenções finais.
Esta era a hora a que deveria terminar a Conferência do Clima em Cancún. Infelizmente estamos longe ainda de ter conclusões num processo negocial que se arrisca arrastar bem pela madrugada dentro. Ao longo do dia foram saído propostas de textos para discussão pelas Partes (grupo de trabalho ad hoc sobre o Protocolo de Quioto, incluindo floresta e futuros compromissos e há cerca de uma hora o texto relativo ao ad hoc de trabalho em acções de cooperação de longo prazo). (a foto mostra a fila para levantar as primeiras cópias, antes de ainda estar presente na net)
No texto relativo Protocolo de Quioto, estão presentes aspectos como : - o reconhecimento do cenário do IPCC que sugere que os países do Anexo 1 devem reduzir as suas emissões entre 25 a 40%; - continua o mandato do grupo de trabalho ad hoc sobre o Protocolo de Quioto sem limite temporal, exceptuando o evitar um intervalo entre períodos de compromisso – e 2012 é já o final do primeiro, remetendo para detalhes a serem tratados no próximo ano; - toma nota das “ofertas” de redução de emissões recebidas até agora; - pede aos países do anexo 1 para aumentarem, individual ou colectivamente, o seu nível de ambição para se atingir a redução anteriormente mencionada;, bem como tendo em conta as implicações quantitativas do uso de actividades relativas ao uso do solo, mecanismos e excesso de licenças (AAUs); - mantém 1990 como o ano base. Num documento separado e relativo à contabilização do uso do solo e das florestas, a proposta que esteve em discussão de estabelecimento de uma projecção futura que seria de base para a contabilização das emissões não avançou, remetendo-se a confirmação dos níveis de referência, e a reflexão sobre as metodologias para o 2º período de cumprimento do protocolo para o futuro trabalho. Significativo no texto do grupo de trabalho ad hoc em acções de cooperação de longo prazo, que envolve todos os países da Convenção, é por exemplo a presença do chamado Fundo Climático Verde, cujo objectivo é que consiga atingir uma angariação da ordem dos 100 mil milhões de dólares por ano em 2020. O depositário num fase intermédia será o Banco Mundial, o que é ainda objectivo de alguma polémica. Prolonga-se também por mais um ano os trabalhos deste grupo.
Patricia Espinosa (a senhora de saia cor-de-laranja que discretamente passa junto a uma "manifestação" de jovens mesmo há pouco a subir para uma das salas principais), no Plenário, referiu que os textos agora permitem ver o pacote de decisões em causa, que os países agora devem reflectir, que os textos reflectem os esforços de cada um desses mesmos países e não é um texto “mexicano” e que não parêntesis para escolha de opções, que se pretende continuar a trabalhar com participação e transparência, que há muito pouco tempo de conferência disponível, que é preciso tomar decisões equilibradas entre os dois grupos de trabalho. Lembrou ainda a responsabilidade que um acordo em Cancún terá como serviço a bem, do clima e de milhões de pessoas e das gerações futuras. Às 20h, hora de Cancún, haverá uma sessão informal e os dois grupos reunirão para fazerem um relatório ao Plenário e o objectivo é terminar a conferência de seguida. Cada um de nós viverá com as consequências das duas acções. Vamos ver que consenso se conseguirá gerar. Os avanços são muito limitados mas mesmo assim a controvérsia de algumas áreas ainda não está ultrapassada.
O espaço que durante 10 dias recebeu a feira das associações e outras entidades, e os eventos paralelos, está a arrefecer (mais ainda do que o ar condicionado deixa o espaço). A maioria dos stands já estão vazios e os outros estão a ser desmontados. O único local animado é o balcão da empresa de transportes expresso. O que sobra da COP16 irá passar-se no hotel Moon Palace, a cerca de oito quilómteros daqui.
Activistas da Greenpeace questionam esta manhã numa praia de Cancún se ainda há esperança nesta COP.
Ponto de situação: 13h15 em Cancún, 19h15 em Lisboa:
Foi uma longa noite para muitos negociadores, dado que ainda ontem a Presidente da Conferência, a Ministra dos Negócios Estrangeiros de México Patricia Espinosa, afirmou que tinha confiança que seria possível terminar a reunião às 18h. Grande ilusão… Apenas no que respeita à área da adaptação, nomeadamente no estabelecimento de objectivos, prioridades, é que houve uma decisão e bem frágil – foi traçado o caminho, as actividades para que daqui a um ano haja um texto final sobre o assunto. Em relação a quase todos os outros assuntos há ainda um impasse: no que respeita ao uso do solo e florestas, não há acordo ainda sobre a nova forma proposta de contabilizar as florestas usando uma comparação entre um valor projectado por cada país e a realidade; no fundo climático, no valor de 100 mil milhões de dólares anuais, mais do que os períodos e as verbas, não há acordo sobre quem o vai gerir – há posições diferentes entre ser o Banco Mundial ou a própria Convenção, mas um consenso é possível sem grande esforço; na definição do mecanismo REDD e REDD+ de apoio financeiro para evitar a destruição das florestas (REDD) em particular as tropicais (REDD+), houve algum avanço, ainda não definitivo, estando nomeadamente por decidir de onde vem o dinheiro – possibilidade forte é o dinheiro ser proveniente dos mercados de carbono, com regras ainda a serem definidas;
O mais relevante de todos os assuntos é evidentemente se vai haver uma continuação do Protocolo de Quioto após 2012, o que politicamente implica a participação de países como a Rússia, Japão e Canadá através de novas metas de emissões, em princípio para 2020. E aí, as perspectivas são muito negativas. A ideia de ter um caminho para haver um acordo nesta área dentro de um ano mais parece um retrocesso. No que respeita a um acordo global, se por um lado países em desenvolvimento como China e Índia aceitam até ter metas, mesmo que voluntárias, já os EUA têm sido um empecilho ás negociações. Mesmo num acordo global de “ofertas” e não de metas legalmente vinculativas, o acordo não está fácil, e não deixa de ser uma tentação para os eventuais (oxalá que não), países desenvolvidos eventuais desistentes de Quioto.
De manhã houve uma nova proposta de texto sobre as acções de cooperação de longo-prazo (LCA, na sigla em inglês). Quanto ao texto sobre o Protocolo de Quioto está prometido mas ainda não há a esta hora qualquer versão. Vai ser uma longa noite, e o desaire de Copenhaga afinal está ainda mais presente no que deveria ser um rejuvenescimento da política climática global. E as consequências da inacção já estão aí…
Por agora, fiquemos com as palavras do Vice-Presidente da COP no final do Plenário da manhã:
All decisions made forwarded by SBSTA.
AWG LCA and KP are underway. Will reconvene COP at a later time in order to adopt all outstanding matters.
Declare the meeting … to be suspended.
We will reconvene at 15:00 to take stock. Check CCTVs at back.
Ou seja, às 15h vamos ouvir porque as Partes estão em desacordo, explicando a todos os seus argumento, enquanto em paralelo as negociações dos países-chave estarão sem dúvida a tentar ultrapassar o impasse.
Os delegados da COP16 foram esta manhã alvo de uma acção do movimento internacional de jovens. No percurso obrigatório para os autocarros que dão acesso ao Moon Palace, um grupo de jovens apoiava as nações que pediram em Cancún que o limite de subida da temperatura global seja reduzido para 1,5º, em vez dos actuais 2º C.
Os activistas justificam que este é o limite aconselhado pelos cientistas e recordam que ao ritmo actual não será sequer possível evitar um aumento de temperatura inferior a 2ºC, a fasquia estabelecida no Acordo de Copenhaga.
A Quercus através do seu Vice-Presidente, Francisco Ferreira, e a Rede Europeia de Acção Climática através do seu Presidente, Matthias Duwe, tiveram uma audiência de aproximadamente uma hora com a Ministra do Ambiente e Ordenamento do Território, Dulce Pássaro e o Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa. A reunião ocorreu hoje, 9 de Dezembro, pelas 11h em Cancún, México (17h em Portugal), durante os trabalhos da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
Os assuntos em discussão foram:
- o ponto de situação actual das negociações, muito confuso e com muitas linhas de discussão em aberto, e as poucas perspectivas de decisões relevantes na conferência;
- a actuação da União Europeia: em particular estiveram em causa dois assuntos que merecem uma discordância grande por parte das associações: a forma de contabilização das emissões associadas ao uso do solo e à floresta e a passagem para um futuro período de cumprimento do Protocolo de Quioto dos imensos créditos detidos por vários países, nomeadamente da Europa de Leste;
- a cooperação na área das alterações climáticas entre Portugal e os Países de Língua Portuguesa;
- a expectativa de Portugal, publica e activamente, assumir a meta de redução em 30% das emissões da União Europeia.
A Quercus ficou satisfeita com a intenção, por parte do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, em alinhar com um objectivo de 30% de redução de emissões por parte da União Europeia entre 1990 e 2020, apelando a associação para que essa posição, que já foi assumida por países como Espanha, França, Reino Unido e Dinamarca, possa ser reafirmada rapidamente por todo o Governo Português, em linha com o Roteiro Nacional de Baixo Carbono, objecto de uma Resolução recente pelo Conselho de Ministros.
Ao mesmo tempo a Quercus congratulou-se com os 36 milhões de euros que o Governo Português vai dar a Angola, Moçambique e Timor-Leste até ao final de 2012 no âmbito do financiamento rápido para trabalhos destes países na área das alterações climáticas, medida que foi também anunciada há pouco no discurso da Ministra do Ambiente no Plenário de Alto Nível.
Discurso da Ministra do Ambiente e do Planeamento de Portugal, Dulce Pássaro, há pouco no plenátrio da COP16:
[Madam] President, Ministers, Colleagues,
Let me first associate myself with the statement of the European Union and its Member Sates
One year after Copenhagen, we meet again in Cancun at a critical junction of our negotiations. We, the Parties, have throughout the year engaged on substantive discussions and pursued efforts towards achieving a balanced and ambitious outcome in Cancun.
The European Union has called for a balanced package capturing progress on both the Convention track and the Kyoto Protocol track. Portugal believes that such outcome is within reach.
We believe that the United Nations framework remains THE forum for these discussions. It is the only process where ALL Parties are at the table.
We are firmly convinced that this process CAN deliver, if we all work together.
[Madam] President,
Portugal expects CoP 16 to be able to bridge our work between Copenhagen and Durban. For this purpose we would like to see the political guidance provided by the Copenhagen Accord incorporated in the UNFCCC.
We are happy to see that more than 80 Parties have submitted information on proposed mitigation targets and actions, and believe that this is a fundamental first step towards the ambitious goal of maintain the 2ºC objective within reach. But further efforts will be needed by all of us.
Portugal is on track to achieve its Kyoto target and is working towards our 2020 target to which we are bound by EU law in the context of the EU’s 20% reduction target.
We have put in place a comprehensive set of national policies, including a a world-leading programme on renewables which will contribute to emission reductions and job creation.
Just last month we have formally launched a process to define a roadmap for low carbon development for Portugal with key milestones in 2020, 2030 and 2050.
On Fast start financing, Portugal is happy to report that we are delivering on our commitment of 36 million euros in the period 2010-2012. We have signed Memoranda of Understanding with partner countries Mozambique and Angola, we will be signing a further MoU with Timor Leste in this COP. These MoUs include a host of projects on mitigation and adaptation.
[Madam] President,
It is up to all of us to confirm here that we want to give a clear response to the challenge of climate change.
Cancun is not the final stop of this process. But Cancun CAN deliver a fundamental stepping stone for progressing in our endeavours towards an effective, fair and ambitious legally binding global response to climate change. After Copenhagen, this is a step we cannot afford NOT to take.
Portugal is committed to this process and we would like to pledge our full support to the Mexican Presidency of this Conference of the Parties in guiding Parties to a successful outcome here.
A presidência mexicana escolheu para logótipo da COP16 a árvore como símbolo da vida, da resistência ao tempo e da biodiversidade; e a borboleta Monarca, espécie que viaja 4000 quilómetros até Zitácuaro, Ocampo e Angangueo, municípios de Michoacán. A espécie altamente resistente às condições variáveis do clima elege o México como destino e foi escolhida como exemplo da luta contra as adversidades, uma característica necessária nestas negociações multilaterais.
A cerca de 48 horas do final da conferência do clima, as notícias continuam a não ser boas. O Japão insiste em não aceitar um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto onde novas metas seriam fixadas para os países aderentes para 2020. Ao mesmo tempo, em várias frentes, os EUA têm bloqueado ou atrasado várias matérias, principalmente no que respeita à adaptação e financiamento.
A única boa notícia vem dos Estados Pequenas Ilhas (AOSIS) que em princípio terão conseguido voltar a introduzir num dos novos textos disponíveis desde esta manhã de quarta-feira, a possibilidade de se contemplar um esforço para que o aumento máximo da temperatura devido às alterações climáticas seja de 1,5 ºC e não de 2 ºC face às novas evidências científicas. Não será uma opção facilmente aceitável pelos restantes países, mas depois de ter desaparecido do texto negocial, esta é uma pequena vitória.
No entretanto, o episódio de bloqueio que se passou à um ano em Copenhaga pode aqui voltar a ter lugar com a Bolívia a fazer essa ameaça se não houver acordo relativamente à continuação de Quioto com um segundo período de compromisso finalizado desde já, o que se sabe ser politicamente impossível (é desejável fazê-lo, mas prometendo-se concretizar essa intenção em Durban, na África do Sul, dentro de um ano).
A União Europeia, cuja acção mediadora é louvável, apresenta uma grande fragilidade interna e uma ambição bem limitada. O México, como país que preside à Conferência, tenta agora discussões informais em pequenos grupos. Mas o tempo já se começa a esgotar…
A Vila do Clima é o terceiro local oficial da COP16. Trata-se de um recinto onde o Governo mexicano tentou arrumar parte da sociedade civil que não cabia no Cancunmesse. O objectivo parece ter falhado a vários níveis, já que muitas organizações, sobretudo indígenas, escolheram outro local no centro de Cancún para instalar arraiais.
Na Vila das Alterações Climáticas ficaram os expositores institucionais, empresas ‘verdes’ e os patrocinadores. O espaço alberga ainda um local para conferências paralelas, como o Fórum da Juventude para as Alterações Climáticas, de que já demos conta e algumas exposições, sobretudo de educação ambiental.
A maior atracção são as extraordinárias fotografias de Willy Sousa, o fotógrafo responsável pelo projecto “México en tus sentidos”. A exposição já passou por vários países, dos Estados Unidos à China, e já terá sido vista por 10 milhões de pessoas. O fotógrafo apresenta de forma exemplar as várias formas de ser mexicano, embora deixe de fora alguns aspectos mais negativos, como a violência presente em alguns sectores da sociedade.
Infelizmente, à parte das constantes visitas de estudo das escolas, o recinto é pouco procurado pelos participantes na COP. No dia em que a Quercus visitou a Vila, nas viagens de cerca de uma hora de ida e volta, o autocarro reservado da organização da COP apenas transportou o elemento da Quercus. Segundo explicaram os motoristas, a Vila só ganha realmente vida ao final do dia, quando sobem ao palco principal os vários artistas mexicanos que conseguem atrair os moradores das redondezas.
A sociedade civil mexicana, ou pelo menos parte dela, ficou de fora da COP. Nos espaços da Cancunmesse e no hotel Moon Palace só é possível entrar depois de credenciado e da vistoria de segurança, que curiosamente é feita não por polícias mas por jovens mexicanos.
A alternativa são as ruas da cidade de Cancún e parte da estrada até à zona do aeroporto. Tudo o resto, da cidade até à zona hoteleira, e do aeroporto até aos dois locais da COP está interdito a protestos. Para o garantir, o Governo mexicano tem em curso uma mega operação de segurança que envolve meios locais, a Polícia Federal e o exército.
Além das barreiras policiais a cada dezena de quilómetros, há pontos estratégicos com segurança reforçada. Entre a Vila das Alterações Climáticas e a Cancunmesse, por exemplo, há um posto de controlo permanente com militares em jipes equipados com metralhadoras pesadas, dezenas de polícias de choque e alguns blindados discretamente escondidos sob lonas brancas e amarelas numa segunda linha.
No Moon Palace a segurança é partilhada com a polícia das Nações Unidas. Aqui já ocorreram protestos, mas só de ambientalistas devidamente credenciados com os seus passes amarelos, como os índios do Canadá que se manifestaram contra os efeitos da exploração de combustíveis fósseis naquele país, nomeadamente das areias betuminosas da província de Alberta, ou os jovens da 'Time For Climate Justice', que pedem que o novo fundo climático seja gerido pena ONU.
No Cancunmesse também são realizadas iniciativas que valem mais pelo simbolismo e mediatismo do que pelo efeito directo sobre os delegados. O único protesto que consegue passar todas as barreiras e manter-se ao longo da cimeira é o outdoor do Greenpeace contra a exploração de petróleo no Golfo do México, mensagem colocada estrategicamente na estrada entre a Cancunmesse e o hotel onde decorre a COP16.
Vídeo do fotógrafo Willy Sousa apresentado esta tarda na abertura do segmento de alto-nível da COP16, em Cancún.