As Nações Unidas, através da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO na sigla em inglês) e do Programa para o Ambiente (UNEP na sigla em inglês), fizeram hoje em Cancún dois alertas relevantes. A FAO alertou para o facto das cheias e secas nos países produtores causaram um forte aumento dos preços dos bens alimentares, mostrando a vulnerabilidade dos sistemas agrícolas e respectivos mercados. Com o agravamento das alterações climáticas, tal agravar-se-á no futuro. Mesmo sem os recursos adicionais para lidar com o problema, os recursos actuais atingiram um mínimo histórico. O Banco Mundial estimou em cerca de 2,5 mil milhões de dólares o custo por ano entre 2010 e 2050 associados à adaptação no sector agrícola no mundo em desenvolvimento. A Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas aponta para um investimento adicional necessário no que respeita à mitigação (redução de emissões) no sector agrícola que deverá nos países em desenvolvimento atingir 14 mil milhões de dólares em 2030. Dos 28 mil milhões prometidos pelos países desenvolvidos em Copenhaga há um ano, só 2 mil milhões foram depositados em fundos climáticos e 700 milhões foram efectivamente distribuídos. Aqui em Cancún a FAO apresentou vários exemplos de uma agricultura “inteligente”, com exemplos de sistemas agrícolas em todo o mundo que têm conseguido reduzir a sua vulnerabilidade ao clima bem como as emissões poluentes próprias da actividade.
Numa outra vertente, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente conclui que o evitar das emissões de metano e de outros poluentes que não o CO2, podem ter um papel importante no alcançar dos objectivos globais de mitigação. O estudo, presente em http://www.unep.or.jp/Ietc/Publications/spc/Waste&ClimateChange/Waste&ClimateChange.pdf, menciona a importância do aproveitamento do metano para combustíveis e geração de electricidade. A aplicação dos princípios dos 3R’s (reduzir, reutilizar e reciclar), é vital na redução do peso do sector dos resíduos que contribui entre 3 e 5% das emissões de gases com efeito de estufa (igual às emissões actuais da aviação internacional e tráfego marítimo). Mais ainda, é um sector onde boas práticas são geradoras de muito emprego. Um dos estudos presente no relatório mostra que o direccionar dos resíduos de comida, jardins e de papel para estações de reciclagem e de compostagem, reduzindo a quantidade de matéria orgânica nos aterros, permite reduzir as emissões em 250 kg de CO2 equivalente por tonelada de resíduo urbano.