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Conferência de Copenhaga - 2009
Terça-feira, 7 de Dezembro de 2010

2,0 ou 1,5 ºC?

Ilustração de Hwan Lee (Coreia) - Bienal Internacional del Cartel en México

 

Será que é necessário muitos dos delegados aqui presentes em Cancún irem ao oftalmologista? A "visão partilhada" está com uma nuvem alarmante… A ciência diz-nos que um aumento de temperatura superior a 1,5 ºC por comparação com o período pré-industrial resultará em substanciais danos ambientais e consequências socioeconómicas muito negativas. Os 2 ºC inicialmente assumidos como limite para que não haja alterações consideradas catastróficas já não faz sentido face aos novos dados. Porém, não olhando para a investigação recente, o novo texto negocial do grupo de trabalho sobre acção de cooperação de longo prazo (LCA, na sigla em inglês), do segmento da conferência em que participam todos os países e não apenas os aderentes ao Protocolo de Quioto, deixou de fazer qualquer referência à meta de 1,5 ºC. Mais ainda, não menciona nenhuma concentração específica de gases na atmosfera e não menciona também 2015 como o ano de pico de emissões para atingir o objectivo de limitar o aumento da temperatura.

 

À superfície, as negociações são entre nações. Mas a negociação real é entre a sociedade humana numa mão e a física e a química noutra. Precisamente a física e a química puseram as suas cartas na mesa. Uma atmosfera com mais de 350 partes por milhão (ppm) de CO2 e um aumento de temperatura superior a 1,5 ºC são incompatíveis com a sobrevivência de muitas nações presentes na Cimeira. De facto, mais de 100 países reconheceram estas evidências científicas e adoptaram estas metas.

 

O negócio tem assim de ser feito com o próprio clima, e o clima não discute... Cabe assim aos países descobrirem como assegurar este limite mínimo. Uma revisão das metas de emissões a ser efectuada apenas em 2015 como se propõe no texto é obviamente demasiado distante, e vamo-nos arrepender quando já for tarde demais. Por isso, só é preciso ter a tão propalada visão para implementar as medidas que nos permitam atingir os objectivos críticos mencionados, no que respeita quer ao aumento da temperatura, quer à concentração máxima de dióxido de carbono na atmosfera.

por Quercus às 05:53
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